quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Os prejuízos da falta de planeamento...


No início do mês de Agosto, a Câmara Municipal de Moura informava a população que, devido a obras de saneamento, o trânsito na Rua dos Açores - frente ao Centro de Saúde - iria estar condicionado atá ao final do referido mês.
Claro que toda a gente duvidou de imediato do prazo estabelecido, tendo a atenção que a obra ia ser executada pelos meios da própria Câmara...
É pena que assim seja, mas é assim, tem sido assim, e parece que assim irá continuar.
Hoje é dia 28 de Agosto e amanhã é o último dia útil do mês.
Durante toda esta semana (de 25 a 29 de Agosto) a obra tem estado parada. Isso mesmo que acabaram de ler: p-a-r-a-d-a.
Mas isto não é tudo.
Nas anteriores três semanas em que a obra terá decorrido com "normalidade" era notório um ritmo de trabalho muito abaixo de lento em que a mesma decorria.
Mais, o dia de trabalho, no local da obra, começava por volta das 8 horas da manhã e às 12 horas, terminava, o que dá um total de 4 horas úteis de execução de trabalhos.
Ora, tendo em atenção o local da obra - frente ao Centro de Saúde e ao Serviço de Urgência, que funciona 24 horas por dia - era de esperar que a obra decorresse com mais celeridade e que até houvesse a preocupação de fazer mais horas diárias para acelerar o seu termo. Pois nem uma, nem outra coisa aconteceu. Antes pelo contrário a obra parou.
É evidente que haverá algumas razões para que isso tenha acontecido, do tipo: pessoal em férias, máquinas avariadas, outros trabalhos inesperados que possam ter surgido, etc. Mas, nada disso apaga a enorme falta de planeamento a médio e longo prazo, para situações destas.
Embora o terreno em frente ao Centro de Saúde não tivesse nada edificado quando a Rua dos Açores foi arranjada, seria expetável que, alguns anos mais tarde, viesse a necessitar de esgotos, escoamento de águas pluviais e abastecimento de água potável. Ou não?
O que aconteceu quando a rede de águas e esgotos foi remodelada - todos nos lembramos que foi há bem pouco tempo - esse tipo de equipamentos foi colocado na Rua dos Açores apenas até ao edifício da EDP. Porquê?
Boa pergunta, para a qual é difícil dar uma resposta aceitável.
Por outro lado, não teria ficado "mais em conta" para a Câmara dar esta obra de empreitada a uma qualquer empresa que certamente já a teria concluído?
Pensamos que sim, teria sido mais rápido e, talvez, menos dispendioso, para além de que libertava o pessoal da Câmara para outros trabalhos que, como é natural, podem surgir a qualquer momento, por avarias ou outras situações.

O que se passa contra Moura?


Barragem de Alqueva: vista parcial do Grande Lago
Acabo de ler uma noticia no "Correio Alentejo" que dá conta da inauguração de um hotel de 3 estrelas em Aljustrel: o Hotel Villa Aljustrel.
Aplaudo com agrado a iniciativa do grupo investidor e faço votos para que tenham tanto sucesso que os leve a investir noutros concelhos alentejanos, como por exemplo, em Moura.
Os prometidos investimentos no concelho de Moura, quer por parte da EDIA, quer por parte de alguns investidores privados, que até tiveram o apoio (e muito bem) da Câmara Municipal de Moura, parece terem morrido antes de nascerem.
O sítio dos "Pardieiros", o "Monte dos Ratinhos", as instalações da EDIA, já existentes e certamente com uma manutenção dispendiosa, a "Herdade da Defesa de S. Brás", entre outros, não passaram até agora de meras promessas, embora algumas delas tenham obtido o estatudo de projecto PIN - Projecto de Potencial Interesse Nacional.
A falta de apoio ao funcionamento da "Marina de Alqueva", apenas conhecida por ser anunciada nos sinais de informação de trânsito, sem um mínimo de condições para quem a pretenda utilizar, onde a rampa varadouro, para acesso das embarcações à água se encontra em péssimas condições, com o piso cheio de buracos e pedras soltas, sem apoios sanitários, onde apenas uma "meia dúzia" de barcos pagam para permanecer ancorados, vai sobrevivendo com base no esforço de uma pequena empresa privada, que organiza passeios turisticos de barco, divulgando as belezas do Grande Lago.
A margem esquerda da Barragem de Alqueva tem melhores condições topográficas para a criação de uma marina com todas as condições do que as que foram encontradas pelos investidores em Amieira, mas é em Amieira que ela existe e não em Moura... Por isso pergunto no título deste texto: "O que se passa contra Moura?", será que se passa algo que a maioria de nós desconheçamos? Será que existem impedimentos burocráticos, ou outros, que afastam os investidores daqui? Ou será que os investidores não acreditam na viabilidade dos investimentos na "margem esquerda do Guadiana"? Que tipo de prospeção e de divulgação tem sido feita junto dos operadores turísticos?
Pois é, ouço dizer constantemente que "o Alentejo está na moda", mas se a moda é a do aumento da desertificação, do desinvestimento, da retirada de equipamentos sociais importantes, do abandono gerneralizado... Se a moda é apenas relacionada com a gastronomia, com os bons terrenos de caça e das boas zonas de pesca... Se a moda é apenas continuar a usar os Alentejanos como os "bombos da festa" das anedotas... Então eu prefiro estar "fora de moda"!
"ON A CLEAR DAY YOU CAN SEE FOREVER" - Este foi o último "grande investimento" feito na "margem esquerda" da Barragem de Alqueva. Por amor de Deus!... Que boa prenda deram aos Alentejanos e a Moura, e logo em inglês. Talvez mesmo com a intenção de que eles não percebessem o que "aquilo" quer dizer e ficassem boquiabertos a olhar para o tamanho enorme das letras em chapa de ferro...
Pois até agora não sabemos o que que é que "poderemos ver num dia claro e para sempre"... o que continuamos a ver, isso sim, é que os visitantes da Barragem, tem que almoçar ou em Alqueva, ou em Amieira ou em Moura, que está a 12 kilómetros de distância, porque no local, só se levarem o farnel, as mesas, as cadeiras, a geleira e o café....

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Não resisti a publicar aqui no "Terra Quente" um texto de Natália Correia, que me foi enviado por um amigo.

Segue em baixo. Vale a pena ler e refletir...

Natália Correia - intelectual, poeta, activista social açoriana, deputada à Assembleia da República pelo circulo do PPD (Partido Popular Democrático),faleceu em 16 de Março de 1993
As premonições de Natália
"A nossa entrada (na CEE) vai provocar gravíssimos retrocessos no país, a Europa não é solidária com ninguém, explorar-nos-á miseravelmente como grande agiota que nunca deixou de ser. A sua vocação é ser colonialista".
"A sua influência (dos retornados) na sociedade portuguesa não vai sentir-se apenas agora, embora seja imensa. Vai dar-se sobretudo quando os seus filhos, hoje crianças, crescerem e tomarem o poder. Essa será uma geração bem preparada e determinada, sobretudo muito realista devido ao trauma da descolonização, que não compreendeu nem aceitou, nem esqueceu. Os genes de África estão nela para sempre, dando-lhe visões do país diferentes das nossas. Mais largas mas menos profundas. Isso levará os que desempenharem cargos de responsabilidade a cair na tentação de querer modificar-nos, por pulsões inconscientes de, sei lá, talvez vingança!"
"Portugal vai entrar num tempo de subcultura, de retrocesso cultural, como toda a Europa, todo o Ocidente".
"Mais de oitenta por cento do que fazemos não serve para nada. E ainda querem que trabalhemos mais. Para quê? Além disso, a produtividade hoje não depende já do esforço humano, mas da sofisticação tecnológica".
"Os neoliberais vão tentar destruir os sistemas sociais existentes, sobretudo os dirigidos aos idosos. Só me espanta que perante esta realidade ainda haja pessoas a pôr gente neste desgraçado mundo e votos neste reaccionário centrão".
"Há a cultura, a fé, o amor, a solidariedade. Que será, porém, de Portugal quando deixar de ter dirigentes que acreditem nestes valores?"
"As primeiras décadas do próximo milénio serão terríveis. Miséria, fome, corrupção, desemprego, violência, abater-se-ão aqui por muito tempo. A Comunidade Europeia vai ser um logro. O Serviço Nacional de Saúde, a maior conquista do 25 de Abril, e Estado Social e a independência nacional sofrerão gravíssimas rupturas. Abandonados, os idosos vão definhar, morrer, por falta de assistência e de comida. Espoliada, a classe média declinará, só haverá muito ricos e muito pobres. A indiferença que se observa ante, por exemplo, o desmoronar das cidades e o incêndio das florestas é uma antecipação disso, de outras derrocadas a vir"."
Natália Correia
Nota: Todas as citações foram retiradas do livro "O Botequim da Liberdade", de Fernando Dacosta.